Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]





calendário

Janeiro 2014

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031

Arquivo/ Archive

2014

2013




Pesquisar/ Search

 



Animalife

Quinta-feira, 23.01.14

A defesa dos animais, ou dos direitos que lhes concedemos, não me é uma causa estranha. Alguns se lembrarão desta ou daquela campanha em que participei, na posição que já tomei em relação a circos e touradas, legislação, testes em animais, enfim, em relação aos assuntos que normalmente se ligam à questão do papel dos animais de companhia e não só na vida de hoje. Acontece que muitas das associações portuguesas que se ocupam disto estão também engajadas na promoção de hábitos como o vegetarianismo ou até o veganismo. Estão no seu direito, e se calhar por considerar que muitos dos seus activistas mais notórios seguem religiões com as quais não me identifico minimamente (como o budismo e o hinduísmo, e algumas formas de panteísmos), sinto algum desconforto em participar em muitas das discussões mais activas sobre o assunto, por muitas vezes me encontrar tão distante das visões que defendem que acabo por me sentir e parecer uma impostora no meio de tantas certezas e declarações apaixonadas, e visões quase antropomórficas dos bichos em geral. Estão no seu direito, repito, mas não partilho de muito do que defendem. Mas hoje quero falar de uma associação que, podendo até albergar alguns voluntários que partilham das tais visões que não as minhas, se destaca das demais. 

 

No dia 11 de Janeiro inaugurou em Lisboa o primeiro Centro de Recolha e Distribuição de Ração a Animais de Famílias Carenciadas. No nº15 da Av. Praia da Vitória, em Lisboa, distribuída por uma mão-cheia de salas preparadas para funções específicas - tudo menos a guarda de animais, atenção - a Animalife (uma associação que existe há apenas 2 anos) já faz um trabalho notável. Têm recebido tanto destaque e pedidos de auxílio, que a própria Cáritas já lhes reconheceu o carácter inédito e meritório. São pouco mais de 50 voluntários, liderados pelo Rodrigo Livreiro, que asseguram este plano tão simples, que se torna espantoso: em vez de só nos concentrarmos em apanhar, esterilizar e adoptar animais errantes, que tal pensar nas razões para o abandono? Será que todos os que são abandonados vêm de lares onde pessoas más se encarregam de os pôr na rua? Nem por isso. O que se pode aferir, é que esse abandono se deve muitas vezes a uma escolha terrível entre a família humana e o animal que lhe fez companhia. Podem não acreditar, mas há muita gente que prefere não comer do que fazer o seu bicho passar fome, e quando esse alguém recebe um subsídio de sobrevivência do Estado, fica muito mal usar o dinheiro para comprar comida de cão. Ou quando alguém pode ser despejado porque não teve dinheiro para esterilizar um gato e já vai nos 4 ou 5 ou mais bichos no apartamento, e tem de "abrir a porta da rua e deixá-los sair", é fácil julgar...mas também é preciso entender.

 

O sistema da Animalife é simples e tem alguns mecanismos para prevenir o abuso, sendo que o melhor mas também o mais triste deles é que as pessoas têm muita vergonha de pedir ajuda, e quando o fazem é mesmo na última hora possível. Parece-me muito inteligente esta vontade de olhar para o problema a montante e a juzante, na sua origem e no seu fim, e parece-me ainda digno de nota que esta associação trabalha em rede com outras de recolha e tratamento de animais, para assim todos beneficiarem desta visão macroscópica do problema. Sim, os canis municipais deviam gastar mais na esterilização e menos nas eutanásias; sim, a saúde veterinária não devia ser só privada; sim, há muita coisa a fazer ainda no campo da prevenção do abandono e mudança de mentalidades - mas congratulemo-nos nesta iniciativa e já agora, em vez de reclamarmos só, vamos ajudar a Animalife de várias maneiras:

 

Tornando-nos associados (pouco mais que €2/mês);

Tornando-nos Padrinho ou Madrinha de uma família carenciada;

Tornando-nos voluntários nas várias áreas de actuação da associação;

Ligando para o número de valor acrescentado  - 760 300 540;

Fazendo um donativo pontual para o NIB 0010 0000 47158930001 79;

Divulgando o site e a página de Facebook: www.animalife.pt

 

Dadas as coordenadas para quem também acredita que é preciso fazer mais do que reagir aos problemas, quero só dizer que me senti verdadeiramente inspirada pelas pessoas que por lá conheci. Lutam contra o que alguns consideram ser moínhos de vento, mas não deixam de ser uns heróis! E agora, vai ficar parado?

 

Animalife

 

 


Defending animal rights is a cause that is no stranger to me. Many will remember a few campaigns that I partnered with, and my stand on circuses, bullfights, the current laws, animal testing, anything really that is connected with how I believe these creatures should be perceived and treated in today's society. It just so happens that many of the portuguese NGOs that are engajed in such matters are also heavily invested in promoting vegetarianism and veganism alike. They have every right to do so, but maybe because many of their most notorious activists are following religions like hinduism and budhism, and diverse forms of pantheism (and certain ideologies that I'm not in the least interested in), I feel a certain discomfort when I'm asked to participate in a more active and public discussion on the issue of animal rights. I'm so distant from these religious views many of them passionately defend, and from certain antropomorphical views of Nature, that I actually feel like an imposter in their midst. I repeat - they do have the right to think the way they do, but I just don't share these views with them. Today, though, I want to tell you about an ONG that stands out from the rest - even if they possibly harbor activists like the ones I described before.

 

On January 11th, in Lisbon, the first Center for Gathering and Distribution of Animal Food for Families in Need was inaugurated. Spread out in a few well-prepared rooms - wharehouses, meeting and training rooms, reception and interview rooms - Animalife has only been around for 2 years and is already doing amazing work. They've received so many requests and attention that even Caritas (an international agency that supports long-term development programs in impoverished communities in Africa, Asia, East Timor, Latin America, Indigenous Australia and the Pacific) has aknowledged their original and prestigious worth. Led by Rodrigo Livreiro, a little over 50 volunteers make sure a simple plan like this comes true: instead of just focusing on capturing, neutering and sending animals off for adoption, why not think about what causes the abandonment in the first place? Is it that every animal that ends up on the street has come from a household of evil people that just kick them out? Not really. What we're sure of is that these animals often end up on the street following a harrowing choice between feeding your family and feeding your dog. It's hard to believe, but many do choose to go without food for a while to be able to feed their pet, and when it happens that this person is on some kind of subsidy from the State, it looks really bad for those social workers to see that their money is also being used to buy cat food. And when you face eviction because you started with a cat, but coudn't afford to spay it and so you end up with 4 or 5, or 10, it is easier to just "open the door and let them all out". It's also easy to judge these people...but we have to try and understand what goes on behind closed doors.

 

The Animalife system is simple, and it does have a few mechanisms to prevent abuse, being that the best and also the saddest one of all is that people are very embarassed to ask for help, and when they do it's because they're at the end of their rope. I think it's very smart to look at the problem at its origin and also at it's conclusion, and it should also be noted that Animalife makes sure they work in connection with other animal protection agencies and ONGs, the ones that do have a lot to show in terms of capturing, neutering and finding adoptive homes for their pets. This way, we all benefit from their macroscopic view of the problem. Yes, municipal pounds should spay and neuter animals; yes, veterinary care should be public also; yes, there's still a lot do in terms of changing mentalities on animal rights in this country - but let's be grateful that someone is taking the iniciative, and instead of just complaining about what's wrong, let's help Animalife in any of these ways:

 

By becoming members (a little over €2/month);

By becoming Sponsors of one of these Families in Need;

By becoming a volunteer (there's a lot to be done);

By donating through BPI bank in Portugal (PT50 0010 0000 47158930001 79)

Spreading the word and visiting them on www.animalife.pt.

 

I think I left you with some ideas on what to do if these issues concern you, but I do want to add that I was truly inspired by their example of sacrifice and dedication. I know some think they're fighting a hopeless cause, but they are heroes in my book. Ok, are you just going to sit there?

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Fashion e outras tendências

Terça-feira, 21.01.14

Este mês sou a personalidade convidada pelo Magazine Tendências da La Redoute para dar o meu testemunho quanto à presença da marca na minha vida. Não foi difícil: desde há muitos anos que o catálogo entrou na casa da família. Um dos comentários que mais tenho ouvido é o facto de ter sido através do catálogo que certas marcas se tornaram mais acessíveis para muitos - eu incluída. A escolha é imensa, e agora mais do que nunca, os descontos são generosos e bem vindos. Mas porque falo eu disto? Porque fiz um trabalho e quero que saibam disso? Porque alguém me obriga por contrato a fazê-lo? Nada disso. Para além do facto de gostar de trabalhar - gosto mesmo - o dia que passei com esta equipa foi muito compensador. Claro, sabe bem voltar a ser modelo por um dia - se calhar por isso, porque foi só um dia ; ) - e ser maquilhada e vestida e, pronto, fazer de boneca. Mas para além de tudo isto, há uma lição a aprender. 

 

Fui de coração um bocado apertado para este dia. Chovia imenso, a viagem de carro é comprida, não tinha dormido muito bem - enfim, na minha cabeça passavam muitas ideias ao mesmo tempo, e as inseguranças parvas de quem se acha fora de prazo aos 44 anos para fazer de miúda gira numa sessão de moda. A atestar essas inseguranças, esperavam-me roupas que, por minha culpa, eram demasiados grandes para o corpo que as iria vestir. A minha amiga e stylist Elisa d'Almeida, do blog A Beleza É Um Lugar Estranho (e que foi responsável pelo styling enquanto estive no Mais Mulher), já me aturou muitas destas e sabe do que estou a falar...mas a minha dismorfia não era bem o problema, nem o que mais me preocupava. 

 

Fui modelo durante uns anos (entrei na Central em 1989, mas já trabalhava desde 1987), e algumas das minhas memórias ligadas aos trabalhos que fiz têm muito a ver com um certo ambiente de trabalho que não considero muito saudável. Há muitas pessoas envolvidas, muitas cabeças, muitas sentenças, e principalmente durante os almoços ou jantares não raro se ouviriam conversas pouco edificantes, com maledicência e outros tiques que, de uma maneira ou de outra, todos acabávamos por partilhar, quase por osmose. Sei que isto não acontece só na moda: ao fim e ao cabo, quando as pessoas têm de conviver com gente que mal conhecem acabam por tentar nivelar a coisa pelo denominador comum mais básico de todos: o disparate. 

Quem me conhece sabe que, quando deixada à solta, posso ser a mais disparatada de todos. Esta foi aliás a minha arma durante os anos difíceis do liceu, para lidar com um certo sentido de estranheza que me fazia muitas vezes pensar que para ser aceite tinha de fazer os outros rir. Agora, a anos-luz dessa realidade de outrora e já sem a mesma necessidade premente que sentia de agradar aos outros em detrimento do que sabia ser certo e errado, ainda assim dou por mim a querer preencher espaços vazios de conversa com brincadeiras e piadinhas. Um mau hábito que agora detesto.

 

Por tudo isto, ia um pouco preocupada com o que ia encontrar, que pessoas ia conhecer, o que esperavam de mim, que lhes podia eu dar que não fôsse contra aquilo em que acredito, como podia fazer um bom trabalho sem me sentir obrigada a comprometer nada do que creio ser essencial e importante. Parece cansativo, não parece? E é. Decidi entregar estes pensamentos na mão de Deus e acreditar que o que foi não tem de voltar a ser, que o meu passado não tem de condicionar o presente nem o futuro. Decidi confiar.

 

Encontrei pessoas dedicadas, profissionais, atenciosas, solidárias, compreensivas e acessíveis, que todas juntas formavam uma equipa coesa ainda que heterogénea nas idades e experiências de vida. Tivemos uma sessão prazeirosa e produtiva, que nos deixou a todos (creio) com um sentido de dever cumprido e apreciado na sua totalidade, até mesmo na hora do almoço. Falámos de tudo um pouco, partilhámos recordações de adolescência, músicas  e referências comuns e diversas, conversámos sobre filhos, casamentos e namoros, discutimos o futuro e o presente, escutámo-nos uns aos outros e meditámos em conjunto sobre coisas como a educação, o trabalho, o dinheiro, as realidades rurais e urbanas...enfim, fomos humanos sem nunca baixarmos a fasquia. Estou grata a Deus por isso.

 

A La Redoute está de parabéns, e o motivo não acaba nas ofertas do catálogo. Está de parabéns porque pode contar com gente como a que conheci, profissionais de mão-cheia, que todos os dias fazem um excelente trabalho que, tendo um intuito claramente comercial, traz à luz a melhor parte de todos nós. E não chateia nada que, de caminho, me tenham posto tão bonita!

 

Cá vai o link:

 

http://www.laredoute.pt/magazinedetendencias/

 

E aqui está o vídeo:

 


 

I was invited by La Redoute, a french fashion catalogue, to be their Guest of the Month on their webpage and talk about how the brand has been a part of my life. It wasn't too far of a strech: their magazine came to Portugal many years ago, and since then it has been in our household on and off. Most of the people I talk to tell me the same thing: their catalogue was the first to give them a shot at getting some of the more famous brands we aspired to at decent prices. They always have great discounts on most of the items. But why am I talking about this? Because I want you to know that I did a job for them? Because I'm bound by contract to talk about it? Not at all. I am glad that I did get a job - I actually enjoy working - and the day I spent with the crew was great. Of course, it feels good to be a model again for one day - maybe because it was just for one day ; ) - and to put on some make-up and have someone do my hair, and choose great clothes for me, to play doll, basically. But beyond all of this girly stuff, there's a lesson to learn.

 

I went into the job with a certain heaviness in my chest. It was raining hard, the car ride was kind of long, I hadn't slept very well - my head was full of thoughts and concerns, stupid insecurities tipical of someone that thinks being 44 years old make you a bit long in the tooth to play cute girl on a photo shoot. To prove my point, I had racks of clothes that were a size or two too big for my body...my good friend Elisa d'Almeida (her blog is A Beleza É Um Lugar Estranho) did my styling while I hosted a show in a cable channel here in Portugal and she knows all about that. But my dysmorphia wasn't really the problem, nor was it the thing that concerned me the most. 

 

I was a model for years (I joined Central Models in '89, but I'd been working since '87) and some of the memories I have of the shoots I was in are connected to a certain working environment that I don't consider very healthy. There're a lot of peole on site, too many heads and opinions, and the red zone was normally attained by lunch time. By that time i usually got involved in conversations that weren't too edifying, a lot of malice and tongue-in-cheek comments, and almost by osmosis most of us ended up talking too much. I know this doesn't just happen in fashion: after all, when people have to be around people that they don't know too well but have to be familiar with they end up lowering their level to the most basic commom denominator: nonsense. And I was the queen of nonsense. Those who do knew me back in the day can say that, when let loose, I could be the silliest one of all. This was my weapon of choice back in high-school, a period of my life that still makes me shiver when I go past the building, in a time where my awkwardness made me try to make others laugh so I could fit in. Now, light-years from that reality and no longer feeling a real urge to please others at the cost of what I believe is right or wrong, I still find myself wanting to fill those blanks in conversation with little silly jokes. I habit I now detest.

 

For this reason, I went into this job concerned about what I was going to find there, what kind of people I'd have to work with, what they expected of me, what I could give them that wouldn't compromise the things I value as important. It seems tiring, doesn't it? It is. I decided to surrender all these thoughts to God, to believe that what was doesn't have to be so again, that my past doesn't have to condition or shape my present and my future. I decided to trust. 

 

I found dedicated, professional, attentive, understanding and approachable people, and together they formed a cohesive team even if they differed in age and life experiences. We had a very productive and pleasurable shoot, that left us all (I believe) with a feeling of job well done and enjoyed in its entirety, even at lunch time. We talked about everything, we shared common memories from the 80's and 90's, songs we danced to and bands we admired, diverse impressions of mutual recollections, we talked about children and marriage, about dating and commitment, we discussed the future and the present, we listened to each other and meditated together on things like education, work, money, rural and urban realities, differences that ended up connecting us all somehow. We were human without ever lowering our standards. I thank God for that.

 

La Redoute does a great job, but this time I'm not praising their selection of clothes and accessories: I'm praising their human capital, people in their payroll that do more than just work to increase sales at a certain quarter. Who they are as people adds immensely to the value of the company, and everyone should be aware of that. And yes, it doesn't hurt that they made me look great in the process!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Silence

Terça-feira, 14.01.14

Estar calada não é propriamente o que se espera duma blogger. É um risco, até. Muita gente me explicou que, se quisesse que as pessoas procurassem o meu blog, teria de ser consistente nas publicações, nunca deixar passar mais do que uma semana entre cada post. Já se passaram 3...provavelmente 3 das piores semanas da minha vida.

A razão porque não escrevi, foi porque não queria falar de coisas negativas ou pesadas - a premissa do blog era ajudar-vos nos dias maus, certo? Como é que eu iria escrever sobre coisas positivas, se me era tão difícil lembrar de algumas que merecessem ser relatadas? Por isso, fiquei calada. Mas há um tempo para tudo na vida, e agora chegou a hora de falar.

 

Perder alguém que amamos é sempre duro. No ano passado, a Diamantina Rodrigues convidou-me para escrever um pequeno texto para um livro de testemunhos, chamado Mãe Há Só Uma, sobre a minha mãe. Para quem não sabe, já não tenho mãe há 24 anos, e portanto foi difícil - mas a distância que me separa dela é já tão grande que me permite ter o pensamento bem organizado quanto a quem ela era, e o que representou para mim ser sua filha durante quase 21 anos. Mas este post não é sobre a minha mãe.

 

Não sei porquê, mas acho que não devo esperar 24 anos para falar publicamente sobre o meu pai. Se calhar porque não falei o suficiente enquanto ele ainda cá estava. O problema não foi só algum pudor que me impediu de falar, é que a pessoa que ele era também não iria gostar de ser exposta. Lembro-me que quando me casei saíu uma foto dele ao meu lado, e ele ficou muito perplexo quando uma senhora numa loja o abordou a dar os parabéns...não, o meu pai não gostava desse tipo de atenção. Mas como ele já cá não está, e portanto nada do que eu diga ou faça o pode já embaraçar, penso que devo partilhar convosco que no dia 29 de Dezembro de 2013 perdi um dos pilares da minha vida. E tenho muitas saudades do meu pai.

Há coisas das quais não tenho a menor dúvida, e uma delas é: fui muito abençoada em ter um pai como ele. Até quase ao último sôpro de vida, manteve uma família de 5 filhos debaixo de um mesmo espírito, debaixo de uma liderança que sendo firme, era também reconfortante. Quando ficámos sem mãe, foi ele quem saíu da sua zona de conforto - de uma presença um pouco distante mas fidedigna - para se tornar num homem diferente do que tínhamos conhecido até então. Com o devido respeito - burro velho não aprende línguas? O meu pai aprendeu-as todas. Apesar de eu ainda só ter 44 anos, acho que posso dizer que já passei algumas tormentas e o meu pai esteve presente em quase todas elas. Não, não fez parar a tempestade (só Deus o pode fazer), mas deu-me sempre o abrigo de que necessitei para aguentar o embate. Era um homem, literalmente, fora-de-série.

O mundo está mais triste sem ele, ou então sou só eu. Mas se é para seguir o espírito deste blog, e para honrar a memória do meu pai, então tenho de terminar com vida. Especificamente, com um período muito feliz da vida do meu pai - um tempo em que ele era jovem, em que via perfeitamente, andava pelo próprio pé, em que não tinha uma única preocupação no mundo que não fôsse onde ia montar a tenda no dia seguinte...

 

Pai, à sua!

 

To be quiet is not exactly what you'd expect a blogger to do. It's a risk, even. Many people told me that if I wanted others to read my blog I'd have to be consistent in my posts, to never let more than a week go by between each one. It's been 3...probably 3 of the worst weeks of my life.

The reason why I was silent is because I didn't want to talk about things that were too heavy or negative - the whole premisse of this blog was to help you guys through those hard patches in life, right? How could I write about positive and uplifting things when it was so hard for me to remember anything that was worth the thought? So, I kept quiet. But there is a time for everything in life, and now is the time to speak up.

 

To lose someone you love is always tough. Last year, a portuguese journalist invited me to write a small testimony for a book about mothers. In case you don't know, my mother died 24 years ago and so it was a hard exercise for me - but the distance between us now allows me to have a more organized thinking about who she really was, and what it meant to be her daughter for almost 21 years. But this post is not about my mother.

 

I don't think I should wait another 24 years to speak publicaly about my Dad. Maybe because I didn't speak enough about him while he was still here. It wasn't just a certain sense of privacy that prevented me from talking about him, it's just that he was not the kind of guy that would like to be discussed in public. I remember that, when I got married, this photo of him standing up next to me was in a magazine, and so this lady came up to him in a store to congratulate him...no, my Dad did not like this kind of attention. But he's not here anymore, so nothing that I say or do can ever embarass him again, so I think I should tell you that on the 29th of December I lost one of the pilars of my life. And I miss my Dad so much.

Some things I don't question at all, and one of them is: I was blessed to have a father like my Dad. Up until the very last breath of his life, he kept a family of five children together under the same spirit, under a leadership that was both firm and conforting. When we lost my mother, he was the one to come out of his confort zone - a distant, but reliable, presence - to become a diferent man from the one we had known up until then. With all due respect - you can't teach an old dog new tricks? My Dad learned them all, and then some. Even though I'm still green in my 44 years, I have gone through some hard times in life, and my Dad was there almost always. No, he didn't stop the waves from crashing in on me (only God can), but he was there to help come back up every time. He was truly one of a kind.

The world is a sadder place without him, or maybe it's just me. But if I am to honour the spirit of this blog and my Dad's memory too, then I should finish with life. Life at its happiest and fullest: when my dad was young, and he could see, hear and walk perfectly, when he was his own man and all he had to care about in this world was where was he going to pitch his tent today...

 

Here's to you, Dad!

 

 

Autoria e outros dados (tags, etc)


Comentários recentes/ Recent comments






subscrever feeds