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Guerreiras de Portugal

Terça-feira, 11.03.14

Este vai ter de ser em 2 partes...há tanto para vos contar! Mas bom, comecemos...

 

No passado dia 8 de Março, dia da Mulher, fomos convidados pela Câmara Municipal de Coruche para participar numa acção chamada Força de Viver. O convite veio por intermédio de uma mulher que tantas vezes nos tem ajudado a promover o Projecto Guerreiras, que só por continuar a acreditar no valor do projecto já tem contribuído e muito para que ele não fique por aqui...é co-autora do livro Amor Dentro do Meu Peito e fundadora da Associação ABC, cuja página de Facebook podem encontrar aqui. Tem tido uma paciência de Jó para com a nossa inércia, e também por isso estamos muito gratos à Dra. Ivone Patrão. Muitas das Guerreiras cujo testemunho e imagem recolhemos chegaram até nós pela mão desta psicóloga clínica que tanto se tem ocupado com o combate ao isolamento que uma doença como o cancro pode trazer à vida de tantos por esse país fora...ela é, também por isso, uma Guerreira.

A Câmara de Coruche fez um excelente trabalho também, na pessoa do Hélder Santos mas não só...a arquitecta Castelo Morais, por exemplo, teve um entendimento que classificaria até de sobrenatural do projecto nos seus contornos mais íntimos, e deu-lhe um destaque que nenhum de nós esperava. Foi incansável no seu desejo de criar suportes vivos que enquadrassem cada uma das senhoras no elemento em que as fotos foram tiradas, e o resultado foi inesperado, não só pela coerência, mas também por ser tão táctil e tangível. Foi um trabalho de amor. Aqui têm uma panorâmica:

 

Para quem não sabe, o projecto Guerreiras nasceu no ano passado, depois de uma gestação de 7 anos...foi um parto sofrido, como o outro...coloco aqui um excerto dos pensamentos do Tracy (que aliás também tem um blog em inglês que vale a pena ler) que deram origem às Guerreiras de Portugal:

 

«Consideremos as mulheres que, neste momento, lutam contra o cancro da mama. Lutam contra o medo, a perda, a solidão, as dúvidas e a exaustão, lutam em território desconhecido, num campo de batalha inundado pelo terror, e enfrentam um inimigo impiedoso. É impossível minimizar todas as adversidades com que têm de lidar e as mudanças que ainda ocorrerão nas suas vidas, mas o que quero é maximizar a história de esperança e de poder que vive em cada uma delas. Quero contar a história de 12 sobreviventes a todos os que enfrentam o mesmo inimigo.»

 

Esta ideia sofreu algumas mudanças, especialmente depois de ter percebido que as lições que podemos tirar destas histórias se aplicam a todos, já que o momento que vivemos em Portugal é de extrema adversidade e tribulação, e que do que necessitamos acima de tudo é de esperar. Uma espera activa - e por isso bíblica - que passa por nos encorajarmos mutuamente, por nos ligarmos mais e mais uns aos outros, por acreditar que Deus é soberano e que nada do que pensamos, fazemos, damos ou pedimos Lhe é indiferente. Um projecto assumidamente cristão, mas que ainda assim não pretende deixar de fora ninguém, independentemente daquilo em que acreditem. Acima de tudo, acreditamos que a Guerreira não é a que é derrotada pelo cancro, mas toda a mulheres que não baixa os braços perante o horror de perder uma parte tão íntima de si mesma. Estas mulheres aprenderam uma lição que deveria ser passada a todas as outras, de todas as idades, saudáveis ou não: uma mulher não se desvirtua por perder uma mama. Nem duas.

 

Os obstáculos têm sido tantos...para já, temos suportado todos os custos do projecto. Mas este não é o maior impedimento. Esse está cá dentro, encerrado no nosso coração, e diz coisas como Para que te incomodas? Achas que alguém se importa? Achas que o que fazes tem alguma importância? Não vês que ninguém liga?...às vezes só quero desistir. Mas depois, abro o computador e vejo a Guadalupe, a Maria João, a Janete, a Adelaide...e penso nas Marias e nas Anas que não têm onde abrir o coração, ou que têm medo de o fazer e depois não conseguirem parar de chorar, chorar, chorar...e percebo que não tenho o direito de parar de lutar. Quero dar-lhes voz. Quero dar-lhes esperança.

 

O projecto é uma página de Facebook, é uma exposição itinerante de 12 fotografias, é um e-livro que ainda queremos editar, é um grupo de partilha que queremos que se reúna mensalmente, onde podemos olhar nos olhos estas sobreviventes e convidar outras a contarem a sua história. Depois de Tavira e Coruche, queremos ir às outras cidades, mas também ao outro campo, a zonas em que as mulheres nem ousam pronunciar as palavras cancro da mama. Queremos estar com as que não têm Facebook, com as que preferem não saber de nada, que faltam aos rastreios e às consultas, queremos ajudá-las a encarar este bicho de outra maneira...será possível?

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